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Cap. 660 – Inferno em teus braços – Robyn Donald

Ciao!!!

Para quem não me segue nas redes sociais, uma introdução: fiz uma visitinha ao sebo e me surpreendi ao descobrir na prateleira uma coleção praticamente completa de Biancas e SuperBiancas, das antigas. Confesso: guilty pleasure! Resultado: com muita dor no coração (por ter que escolher quais trazer), comprei alguns. E deles, este foi o primeiro que li (já no ônibus a caminho de casa), mas só agora consegui escrever o post para o blog (sim, muita coisa para fazer em pouco tempo dá nisso…).

Inferno em teus braços – Robyn Donald – Bianca 210
(The Guarded Heart – 1983 – Mills & Boom)
Personagens: Alannah Finderne e Nicholas Challoner

Alannah estava de volta à Nova Zelândia após estudar na Suíça. Acreditava finalmente poder namorar com o amor de sempre, David e já conseguia ver o futuro… Planos que foram destruídos ao ser comunicada que se casaria com Nicholas Challoner. Ele queria uma reparação pela morte da esposa e do filho que ela esperava, em um acidente que também envolveu Alannah. Agora, ele tinha o destino da família dela nas mãos: se eles não se casassem, não teria a menor piedade em colocá-las na sarjeta. Alannah aceitou, mas prometeu que ele não teria nunca seu coração. Era apenas o início de uma guerra de vontades, onde, talvez, não haveria vencedor.

Comentários:

– Vamos lá, por que escolhi este livro? Porque já li – e gostei de – outras histórias da Robyn Donald. Porque adoro histórias de vingadores que quebram a cara. E me vi com um abacaxi tamanho monstro nas mãos: porque explicar este livro é dureza.

– Estamos na Nova Zelândia. Imaginem um homem muito poderoso que ficou viúvo de forma traumática e quer se casar novamente. Ok. Para isso, ele escolhe como futura mulher a adolescente (sim, quando eles se conhecem, ela tinha 16 anos) que participou do acidente que matou a esposa grávida dele. Então, para evitar uma negativa, ajuda no endividamento da família dela e se aproveita da morte do futuro sogro para aumentar a dívida. Conta com a conivência e o apoio da sogra. E como cereja do bolo, tira do caminho o namoradinho de infância da garota, oferecendo a ele uma bolsa de estudos remunerada no exterior. Quando a adolescente volta de uma escola para moças na Suíça (que ela não sabe, mas ele bancou), reaparece na vida dela e dá o bote: ou ela se casa com ele e lhe dá filhos ou ele cobraria a dívida e a família estaria na miséria. E deixa claro: ele não a amava, só a escolheu porque ela foi responsável pela morte da família dele. Seria uma compensação pela perda. Uau, quanto amor #not.

“- Você cometeu um erro de julgamento. Se realmente queria me ferir, devia ter me conquistado para depois me fazer viver em um inferno.
– Essa era a minha ideia oficial.
Alannah olhou-o atônita. O belo perfil do marido estava impassível, mas a ironia do sorriso era visível.
– Mas, então, descobri que você tinha um namorado e tive que usar a força.” (p.106)

– Parece lógico para você? Pra mim, isso está longe da lógica. Para Nicholas faz total sentido. Tanto que este é o ponto de partida da história. A partir daí, temos o confronto de duas personalidades fortes: a de Nicholas querendo – e agindo para conseguir – a submissão de Alannah, que casa forçada, mas deixando claro que não o ama, não pretende amá-lo. E para cada ação dele, temos uma reação dela. Fazendo esforço, eu diria que é um livro duro sobre o amor que nasce entre muitos espinhos (a maior parte, plantados e adubados por ambos).

– Caso aconteça e você esteja querendo ler, um aviso: é um livro escrito no início da década de 1980, mas ainda com aquela mentalidade do “o homem é amo e senhor”. Neste caso, Nicholas não fica na ameaça de tomar posse do que pertence – ele faz isso e muitas vezes, afinal, é dever da mulher se submeter ao homem (conforme a mentalidade vigente). E há uma cena um tanto dura e chocante de violência doméstica. (Preciso destacar: pensei na Lei Maria da Penha na hora). Ele a afastou de tudo e de todos sob o pretexto da lua-de-mel, o que faria um bom advogado considerar cárcere privado, talvez, sequestro (não conheço o suficiente de Direito para piar sobre o caso. Teria que mandar o livro para a Andrea estudar kkk). Ele jogava na cara dela a culpa no acidente fatal com a esposa, a dívida que a prendia ao casamento e bla bla bla (pode ser maus tratos?). Ao menos, uma vantagem da Alannah diante de várias outras heroínas-mártires que já li em livros semelhantes: ela discute, ela joga na cara sem pena nem dó que ele foi o causador de toda a situação.

“- Foi você! – ela protestou, incapaz de conter a fúria. – Foi você que me insultou! Casou comigo, me tratando como se eu fosse uma boneca, uma coisa vazia, sem cérebro e personalidade, sem sentimentos, sem desejos! Esse foi o maior insulto! Nunca, nunca o perdoarei!” (p.63)

– No entanto, como precisamos amenizar (afinal de contas, pela moral da época, não era o papel da mulher ter este tipo de força de resistência), ao mesmo tempo, ela é retratada como uma garota pirracenta, que ficou emburrada e lamentando pelos cantos. E para cada momento de resistência, há um momento piti-adolescente (após ficar grávida, ela chega a dizer em alguns momentos – dois, se não me engano – que odiava o bebê. Qualquer mulher lendo isso fica até arrepiada. E leva ao objetivo: diminuir a simpatia pela personagem). Em certo ponto da trama, com o surgimento de uma rival ressentida, os pitis confusos se agravam, ao ponto da heroína prisioneira não saber mais o que quer: se quer reclamar, se quer resistir ou se quer se render ao marido e aceitar a vida de casada.

– Aliás, falta de assunto não é um problema aqui. Acompanhamos pouco mais de 1 ano na vida deles: as diferentes fases e crises no casamento, as brigas (e bota briga nisso) até a redenção do casal (faltando menos de 10 páginas para o fim). Na minha leitura, não pareceu repetitivo. Intenso sim. Chocante, também. Eu não achei divertido, mas serviu para mostrar que, graças a Deus, as coisas mudaram para melhor, seja na vida real ou na literatura que ela inspira.

– Links: Tem posts sobre ele no Doce Romances; Emoções à Flor da Pele (de onde tirei a foto da capa brasileira). Em Inglês, há informações no Fiction DB; no site da Harlequin; no Fantastic Fiction tem página da autora e do livro. Há outros comentários no Goodreads. E a página da autora, ainda em construção (e que me deu um susto). Além disso, veja outros livros dela no LdM.

Bacci!!!

Beta

9 Comentários

  1. Andrea Jaguaribe

    Oi, Beta!

    ODEIO ESSE LIVRO!!!! Talvez só odeie menos que o Filho do Demônio, da Violet Winspear.

    Sim, você se saiu muito bem para aspirante a advogada! kkkkk Temos aí, extorsão, cárcere privado, estupro, maus tratos, lesão corporal, dentre outros crimes.

    Fiquei em estado de choque quando li. O título faz jus à história: a vida da moça foi um inferno, literalmente. E acho que o perfil dela foi muito bem traçado, afinal ela era adolescente, foi jogada naquela fogueira e de onde ia tirar maturidade prá aguentar?

    Dizer que odiava o bebê não me chocou. Diante das circinstâncias, não tinha de onde vir instinto materno. E que ódio daquela mãe dela!!!! Essa, sim, fraca, interesseira, vil…

    O cara é um psicopata, sem dúvida, mesmo levando em consideração a moral masculina vigente da época. Querer casar com a pessoa que destruiu sua família, ter filhos com ela, falir deliberadamente a família dela para poder tê-la em suas mãos, maltratar, coagir, violar… Eu, hein…

    No final, acho que ela teve síndrome de estocolmo, se apegou ao captor e como não tinha jeito mesmo, resolveu viver a vida.

    Aff… Assustador!

    Isso é literalmente guilty pleasure!!!!

    Bjs!

  2. Sil de Polaris

    Oh, comprar ou não comprar ? Eu fiquei interessada em saber como esse inferno foi mesmo ! Eu devo estar em uma fase carrasca opressora nessa semana …

  3. Andrea Jaguaribe

    Sil,

    Bota inferno nisso… Coitada…

    Mas acho que a gente deve ler tudo, nem que seja prá pichar com propriedade! Mas cuidado: o grau de crueldade e maluquice do cara é grande… Por vezes fiquei muito angistiada…

    Bjs!

  4. Beta

    Andrea

    Como fiquei muito tempo na bolha do Mestrado, confesso que não sabia que este livro tinha um mocinho tão vilão. Embora para o Literatura de Mulherzinha seja ótimo ter tudo quanto é tipo de livro, para mim foi uma tortura ler esse trem.

    Bem deve ter sido meu eu-quase advogada que apontou os crimes (ou o excesso de filmes de tribunal kkk), mas as coisas são tão gritantes ali que nem é tão difícil…

    Beijos

    Beta

  5. Beta

    Sil

    Se você quiser, te mando o livro. Passá-lo para outra pessoa tirar as próprias conclusões é melhor que arremessá-lo na lata de lixo mais próxima.

    Bacci!

    Beta

  6. Sil de Polaris

    Ah, céus, Andrea, eu fico assustada assim, mas eu fico curiosa também ! Ela não pareceu ser patológica para apaixonar-se por ele ao final pelo que parece.

    Oi, Beta !!! Saudades de suas postagens-respostas !!! Eu aceito seu oferecimento: mande-me esse livro. Assim faço uma ação boa e mato minha curiosidade !!! ^^

    Afinal, meninas, meu eu-mulher e meu eu-psicóloga foram ativados pela curiosidade por esse livro polêmico. Minha parte juiz também: eu quero julgar esse sujeito !

    Enviarei meu endereço … ^^

  7. Sil de Polaris

    Ok, nós temos um trato. Mas eu sou psicóloga existencialista então minha análise psicológica não será tão cheia de técnica como um psicólogo analista faria. ^^

  8. Beatriz

    Por incrível que pareça eu gostei do livro, sempre tenho um pé atrás com essa autora, mas já li bem piores que esse… Não acho que o mocinho tenha feito nada forçado ou contra a vontade da mocinha, que por sinal era uma chata de galocha… há ogros que além de violentos ainda são muito cafajestes, o que torna tudo muito pior, que não é o caso aqui. Concordo que o mocinho quis conquistar a mocinha, talvez os métodos empregados não sejam os mais apropriados, mas enfim, uma coisa que não se pode duvidar é do amor dele por ela… maior prova disso foi a atitude dele no final. Quanto ao tapa, eu acho que quando você entra numa briga tem que se saber quem está enfrentado e medir quais as armas que você tem pra usar, enfrentar um leão com um canivete é bobagem né! **Se fosse apontar pontos negativos da estória eu diria que a questão de um homem feito se encantar com uma adolescente de 16 anos um mês após a morte da esposa que ele dizia amar é bizarro e também o mocinho dizer que nunca tinha sido amante da tal Caroline (que ele mesmo afirma que era linda) também não convence!

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