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Cap. 1068 – Onde o amor se esconde – Veridiana Maenaka

Ciao!!!

Romance histórico nacional. Claro que fiquei curiosa.
Não foi uma leitura fácil, porque está mais para romance-pesadelo do que sonho que queremos para a nossa vida.
E pelo fato da autora ter uma voz clara e forte, se você estiver em período empático como eu estava, pode sofrer muito com o que é contado aqui.

Onde o amor se esconde – Veridiana Maenaka – Verus
(2015)
Personagem: a jornada de Maria da Glória Cerqueira

Maria da Glória Cerqueira, como toda boa moça de família influente no início do século XX, foi criada para ser negociada em casamento conforme os desígnios do pai. Ao contrário da amiga Marisa, que buscava a liberdade de escolha e de dispor do próprio corpo conforme seus desejos, Glória cumpriu tudo o que se esperava dela. E foi levada para um inferno. Em uma jornada marcada pela frustração, pela dor, pelo desespero, pela perda total da esperança, pela recuperação de si mesma, pela descoberta do prazer, Glória vai ver seu mundo ser destruído e reconstruído até ser capaz de amar e ser amada.

Comentários:

– O livro é dividido em três partes, Dor, Prazer e Amor. E não é escrito em meias-palavras ou de forma a amenizar o impacto do que acontece com Glória. Se você for como eu que pensou que leria uma história romântica e fofa, esta expectativa é implodida na primeira página. Porque a trama começa em um cenário que ninguém sonha para a própria vida: a violência doméstica. Só então somos apresentados à protagonista e os capítulos da primeira parte são divididos na narrativa de um sofrimento muito grande de uma vítima impotente e em como Glória chegou nesta situação.

– “Menina de família” de São Paulo cumpriu o papel que era esperado dela e se casou com Erasmo Galvão, um homem mais velho, um “barão do café” do interior. Homem rústico, diferente do que ela convivia. Protegida e, de certa forma, mimada pela sua condição urbana enfrentou choque e conflitos de convivência com o marido interiorano, rústico, duro e que se revelou violento e cruel. Impelida por querer mais para si mesma, incentivada pela amiga Marisa, que se casou com quem quis e conseguiu um marido que compartilhava dos mesmos interesses pelo comportamento libertino, Glória se colocou em perigo porque nesta época (e em muitos locais, ainda hoje) a sociedade fazia vistas grossas para as indiscrições masculinas e crucificava uma mulher diante de uma mera insinuação. Ela foi ao inferno, viu a morte de perto, muito perto e mais que o corpo destruído, tentou impedir que ele acabasse com a autoestima e a capacidade de se entregar ao amor que ele negou a ela.

– Em Prazer, vemos Glória reconstruir a vida. Aprender o que a vida de casada não havia trazido a ela. Finalmente entendeu a paixão, finalmente descobriu que o corpo era capaz de sentir muito mais. No entanto, também foi apresentada a uma forma de vida que não a agradava, que a chocava e que a deixou em conflito por se ver empurrada, de novo, para algo que não a queria.

– Em Amor, Glória se vê em uma situação limite. E quando menos espera, a solução mais inesperada pode ser a melhor saída para o amor que ela buscava. Não será fácil, porque mais uma vez, a opinião e os desejos dela podem ser deixados de lado em prol de um status a ser decidido por um homem. Por isso, lutar e assumir o controle da própria vida será a chave para o desfecho de uma trama com reviravoltas, confianças quebradas, revelações que chocam a protagonista e assumir as consequências de seus atos.

– Glória é uma protagonista com falhas. É meio difícil exigir maturidade de quem mal saiu da adolescência (em alguns momentos, ela mesma assume que agiu como criança birrenta. Em outro, ela se colocou em risco ao não seguir uma recomendação. Ok, ela fez uma descoberta crucial, mas paga um preço por isso). No entanto, nada justifica ser vítima de violência. Nem se tornar uma marionete para agradar desejos dos outros. Nem não ter o direito de assumir o destino da própria vida. Por isso comentei no início que estava mais para romance-pesadelo, porque a gente sabe que muito do que é narrado em alto e bom som aqui ocorre ainda hoje, em um mundo pretensamente mais moderno e evoluído. Não é uma leitura fácil. Nem é para ser. O mundo seria mais simples se as pessoas se lembrassem de que não são melhores nem donas de ninguém.

– Links: Goodreads autora; site da editora; Skoob; entrevista com a autora; mais dela no Literatura de Mulherzinha.


Bacci!!!

Beta

1 Comentário

  1. Sil de Polaris

    Esse resultado de vida, com um casamento de interesse, infeliz e violento, deve ser um inferno desgastante e destrutivo de que eu tenho como fazer uma ideia muito pálida. Não será um romance que eu quererei ler, pois tenho passado ao largo dessa espécie de romance desde que tive infelicidade de escolher ler um romance cujo título eu fiz questão de recordar para nunca mais lê-lo e nunca recomendar aquilo para alguém !

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