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Cap. 1118 – O presente do meu grande amor – Stephanie Perkins (org)

Ciao!!!

Sim, sou aquele tipo de
leitora louca que compra o livro, jura que vai ler rápido, coloca na pilha… E
quando o reencontra, se pergunta por que esqueceu e promete que vai ler rápido
e cumpre!
Afinal de contas, é Natal.
Não tem data melhor para este livro, né?
O
presente do meu grande amor: Doze histórias de Natal – Stephanie Perkins (org)
– Intrínseca
(My true love gave to me:
Twelve Holiday stories – 2014)

Na Europa, havia o costume
de celebrar os 12 dias de Natal,
entre os dias 25 de dezembro e 5 de janeiro – “A Décima Segunda Noite”. Cada
dia é comemorado com um banquete para celebrar um santo ou outras programações e se tornou tema de uma música repleta de referências cristãs.
Com esta inspiração, a escritora
Stephanie Perkins reuniu outros 11 autores para um livro com contos que se
passam neste período (ordem em que estão no livro):

Meias-noites – Rainbow Rowell
A abertura do livro conta
sobre os encontros dos amigos Noel e Mags no Reveillon ao longo dos anos. Como
eles se conheceram em um e passaram a se reencontrar sempre nesta data. Noel
sempre brincava que ela salvou a vida dele, que tinha “alergias obscenas” e ela
nunca levava a sério. Afinal, Mags não conseguia entender os sentimentos pelo
amigo e sempre escapa de ter que dar o beijo da hora da virada nele. Até o dia
em que ele decide que ela não vai fugir mais.
Como eu adoro essas
histórias de “o amor pode estar do seu lado”, onde a amizade evolui para o
amor, nem preciso dizer que amei o conto de abertura, né? O senso de humor de
Noel recebia como contraponto a capacidade de Mags não dar corda a ele. Como a
trama se passa ao longo de quatro viradas de ano, a gente percebe o quanto eles
evoluíram e se completam, mesmo precisando de um tempinho para admitir.

A Dama e a Raposa – Kelly Link
Miranda sempre visita os
Honeywells no Natal, por ser afilhada da anfitriã. Ela observa todos os
convidados exóticos e barulhentos, muito distante da própria realidade, de ser
uma garota que vive com parentes porque a mãe está presa na Tailândia. Em uma
destas visitas, ela encontra Fenny, um rapaz misterioso, usando um incrível casaco
justacorps que chamou a atenção dela.
Unidos pela neve, pelo Natal e pelo destino de uma raposa, será um encontro que
mudará a vida deles.
Todo mundo vive a esperança
de que o Natal é um período onde tudo é possível, porque há magia no ar.
Justamente explorando o sobrenatural, a autora conta como uma menina criativa
encontrou saídas – a partir da própria história marcada por perdas e ausências
– para libertar um rapaz preso por um encanto. Mantém a linha encantadora da
abertura do livro.

Anjos na neve – Matt de la Peña
Shy estava tomando conta de
Olive, para que o casal de donos viajasse nas férias. No entanto, não havia
nada para comer e ele estava sem dinheiro para comprar. E o jejum forçado
refletia as dúvidas dele de continuar no curso de Música em Nova Iorque quando
a família no interior enfrentava dificuldades. Até que a vizinha Haley bateu
pedindo ajuda com o chuveiro dela, que se recusava a funcionar.
Neste caso, temos dois
personagens questionando as próprias vidas e compromissos. Haley não conseguiu
viajar para encontrar a família e o namorado de longa data. Shy também não
viajou e, para piorar, estava fazendo jejum forçado por não ter comida na casa
onde trabalhava como babá de uma gata muito fofa (pode espremer?) e de estar
sem dinheiro para comprar. Com a convivência, apesar de ele tentar disfarçar,
Haley descobriu vários segredos dele. E um encontrou no outro um ombro para a
pausa necessária para avaliar a vida, as inseguranças e os sonhos.

Encontre-me na estrela do norte – Jenny Han
Natalie foi deixada no trenó
do Papai Noel na véspera de Natal e foi adotada por ele. Morava com ele e com
todos os duendes no Polo Norte e ajudava na preparação dos presentes a serem
levados para as crianças boas. Ela só tinha olhos para Flynn, o mais bonito dos
duendes e sonhava em ir com ele ao Baile de Inverno, uma chance de festejar
antes da reta final do trabalho pra o Natal do ano. Só que ele não a
convidaria, apesar de toda a amizade. Mas não significava que ele não tinha um
presente para ela.
Apesar de ter sido criada
por Papai Noel, Natalie se sentia uma estrangeira no Polo Norte. Apesar de
interessada pelo amigo duende Flynn, ele a enxergava apenas como uma amiga.
Apesar de garantir que, durante uma das viagens de Papai Noel, ela conheceu um
garoto humano, ninguém acreditava nela. Talvez para ser levada a sério, ela
teria que fazer um pedido de Natal para que seus desejos fossem atendidos.
Fofo, um tantinho agridoce, mas totalmente identificável: quem nunca depositou
a esperança em um pedido para Papai Noel?

É um milagre de Yule, Charlie Brown – Stephanie Perkins
Sabe quando a vida está tão
ruim que não sobrou nada para o espírito natalino? Bem, Marigold Moon Ling poderia
resumir assim os últimos meses e a mudança para uma casa que ainda não é um lar
em Asheville. Às voltas com um trabalho, ela precisava fazer um pedido a North
Drummond, o rapaz da loja que vendia árvores de Natal. Para isso, acaba
comprando uma nada vistosa. E conseguindo muito mais que esperava.
(Pausa para eu sair do meio
de toneladas de corações piscantes. Prontinho.) Sabe aquele Natal dos
comerciais de refrigerantes e afins? Então, não é o caso aqui. Tanto Marigold
quanto North estão conformados por viverem situações que, ao menos por
enquanto, não podem mudar. Carregam dores, inseguranças, frustrações e o peso
de responsabilidades que sentem ser suas. Um aparente encontro casual pode
mudar tudo isso, quando a gente se permite o inesperado, o imprevisto, aquele
momento que causa a quebra do ciclo vicioso da conformidade. Diálogos
divertidos, personagens identificáveis, dores que a gente compreende, me
apaixonei por eles e fui recompensada com a recuperação da esperança em dias
melhores que os dois encontram e compartilham na jornada deles.

Papai Noel por um dia – David Levithan
O que a gente não faz por
amor? Só isso mesmo para convencer um rapaz judeu que nem comemorava o Natal a
se vestir como Papai Noel para manter viva a inocência e a crença da irmã
caçula do namorado. Além de ele duvidar o tempo todo de si mesmo enquanto
realiza a missão, ainda topa com a irmã do meio, uma adolescente revoltada (com
razão) com o mundo. E como o Natal inspira o melhor de nós, pode ser que ocorra
um milagre.
Quem visita o Literatura de
Mulherzinha sabe que eu amo de paixão o David Levithan, né? Leria até bula de
remédio que ele escrevesse. Quando chegou o conto dele já estava preparada para
me apaixonar e ele não me decepcionou. Acompanhamos pelo olhar do narrador,
todos os sentimentos confusos, complexos e inseguros ao realizar a missão de
manter o Natal vivo no coração de uma criança. À medida que o texto progride, a
gente percebe que isso era a ponta do iceberg da importância da missão pedida
por um namorado para a pessoa que ele mais confia. É singelo, é triste, é
alegre, é melancólico, é sincero, é compreensível, é cativante, é engraçado, é
apaixonante. Um dos meus favoritos no livro.

Krampuslauf – Holly Black
Uma festa saudava o Krampus,
o horripilante companheiro do Papai Noel, em Fairmont. A narradora e a amiga
Wren estavam às voltas com o sofrimento da outra amiga, Penny, que se apaixonou
por Roth, que estudava em uma escola rica e tinha outra namorada. Com a missão
de fazer uma festa de baixo custo para um monte de gente no trailer da avó, a
narradora e os amigos se desdobram em trabalho. Um pouco de magia não faria
mal.
Realmente não conhecia a
lenda do Krampus. Acompanhamos a dinâmica do relacionamento das amigas, a
missão impossível de fazer uma festa para impressionar com 200 dólares. Mostra
que às vezes conseguimos alcançar nossos objetivos com planejamento e
criatividade. E ainda que a gente não precisa depender tanto da opinião dos
outros. Ah, quem dera que houvesse mesmo magia para dar um castigo em gente
cretina…

Que diabos você fez, Sophie Roth? – Gayle Forman
A garota judia que vivia
fazendo coisas “sem noção” encontrou um rapaz negro durante o recesso da
universidade do Fimdomundo – forma como ela se referia à instituição no
interior do país. Ela não pode viajar como as demais estudantes por causa do
preço da passagem e tinha que esperar a semana seguinte. Deste inesperado
encontro, começa uma conversa sobre preconceitos, Natal, Chanucá, perdas…
Foi um conto que achei um
pouco arrastado para ler. A personagem inicial me pareceu um tanto irritante.
Até a hora que começa a conversar com o Russell e vê os conceitos
pré-estabelecidos dela serem destruídos e que havia muitas outras
possibilidades além da forma como ela vê o mundo. A quebra dos estereótipos
move a história que passeia sobre insatisfações, medos, resoluções pessoais e
até se permite acreditar em milagres de Natal.

Baldes de cerveja e o menino Jesus – Myra McEntire
Vaughn é o bad boy oficial
da cidade. Mas ao perder o limite e destruir o celeiro onde seria encenado o
presépio vivo e a festa de Natal da Igreja Metodista, foi salvo de parar na
cadeia pelo pastor. No entanto, ele teria que trabalhar para realizar o evento.
Outros contratempos aparecerão. E será a vez do rapaz em que quase ninguém
acredita mostrar que tem valor – para muitos, inclusive ele mesmo, um milagre
de Natal.
Vamos falar sobre redenção?
Vaughn foi uma criança mal comportada diante da destruição da família. Graças a
isso, construiu uma reputação que fazia com que quase ninguém acreditasse nele.
Agora, a confiança do pastor Robinson e da filha dele, Gracie, o inspirava a
ser uma pessoa que usa a inteligência e criatividade para fazer coisas
produtivas e não destrutivas. E esta nova meta de vida pode trazer desafios
imediatos e reveladores para ele. Um tanto previsível mas muito fofo. Agradável
de ler.

Bem-vindo a Christmas, California – Kiersten White
Maria era uma das poucas
moradoras de Christmas, California. E contava as horas para fugir de lá, porque
não quer ficar presa a uma cidade que ninguém sabe onde está. No entanto, a
chegada de Ben, novo cozinheiro do restaurante da família do padrasto causa
impactos inesperados nela e nos clientes. E pode ajudar Maria a finalmente
mudar a forma como enxergava a vida e as outras pessoas.
Uma história sobre uma
adolescente insatisfeita com tudo que a cercava e que, por se sentir
incompreendida, só pensava no dia que conseguiria fugir e deixar isso para
trás. Ben sabe o que é deixar a vida para trás e assumir uma nova atitude. É
uma história de recuperação da fé, de vencer a desesperança, de parar de ver
apenas o lado ruim do mundo e se abrir para opções não percebidas antes. Está
entre os meus contos favoritos, especialmente pela forma como Ben age e encara
a vida.

Estrela de Belém – Ally Carter
No aeroporto de Chicago, Lydia
se compadeceu do desespero de uma jovem islandesa e aceitou trocar de passagem
com ela. Enquanto Hulda foi para Nova Iorque, como queria, Lydia, que queria se
distanciar do mundo, foi parar em uma cidade no interior de Oklahoma, passando
a ser “Hulda” para a família que a esperava. Ao assumir esta identidade, não é
que Lydia voltou a encontrar o sentido para a vida e sentimentos que imaginou
não vivenciar novamente?
Não deixa de ser divertido
ver até que ponto Lydia se embola fingindo ser a intercambista islandesa esperada
pela família do interior. Apenas Ethan, o rapaz que aguardava a verdadeira
Hulda, sabe que ela não é quem diz ser. No entanto, ela mantém o mistério de
quem é até para ele, afirmando apenas que não tem casa nem ninguém que espera
por ela. Ao ser convencida a ficar, Lydia reencontra a esperança perdida e
alimenta esta esperança na família que a acolheu. Muito gostoso e fofinho para
o leitor.

A garota que despertou o sonhador – Laini Taylor
Na Ilha das Penas, as jovens
aguardam a tradição do Advento: receber os presentes que os admiradores deixam
na porta de suas casas. Caso recusem, devem deixar uma flor morta ao lado do
presente. A jovem Neve teve o azar de ser escolhida pelo Reverendo Spear, para
ser a terceira mulher. As anteriores morreram. Neve não queria ser a próxima e
pediu ajuda à verdadeira alma daquela terra. A oração foi atendida e ela agora
tinha um aliado para evitar um triste destino.
É um conto com toques de
fantasia. Não o escolheria para ser o encerramento do livro. Ao contrário dos
outros, exige a nossa atenção para entender a dinâmica do ambiente criado pela
autora. Uma garota que perdeu família e amigos se vê confrontada com uma ameaça
da qual não conseguiria escapar sozinha. Ao ter a prece acolhida e o Sonhador
despertado, ela encontrou uma esperança de conseguir mudar o próprio destino
para algo tão bom que ela nunca se atreveu a imaginar que fosse possível.

***
No geral, são histórias de
Natal e Ano Novo, de expectativas por dias melhores, de surpresas, de
superação, de sonhos realizados, de manutenção da inocência, de perda da fé, do
desejo de ser feliz, de busca por amor, por família. Com tanta variedade, foi
uma ótima apresentação ao trabalho de alguns autores que eu já tinha ouvido
falar, mas ainda não tinha lido. E, claro, uma chance de reencontrar dois dos
meus favoritos – Stephanie Perkins e David Levithan. É um livro que não esconde
o otimismo, mesmo quando as narrativas não o apresentam. Aquele espírito de
que, pelo menos nesta época do ano, a gente pode se esquecer das tristezas e –
por que, não? – até da realidade para sonhar com aquilo que nos deixa feliz. E
que nem sempre é possível comprar em uma loja e receber em uma caixa embrulhada
na madrugada deste dia 25.
Arrivederci!!!

Beta 


Ps.: Eu me diverti caçando os protagonistas dos
contos na capa. Alguns são bem fáceis de identificar. Outros, ainda fiquei em
dúvida. Mas estão todos ali 🙂

1 Comentário

  1. Sil de Polaris

    Uh, eu apreciei algumas histórias mas não fiquei sequer simpatizada por outras histórias, porém não houve meio termo. Eu adoro aquela canção antiga sobre doze dias de natal, mas eu não gostei desse livro, ainda que inspirado por aquela canção antiga, que agrada tanto meu coração ao ouvi-la. Mas foi uma idéia simpática …

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