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Feitos de Sol: Um amor capaz de incendiar o mundo – Vinícius Grossos – Cap. 1619

Ciao!
 
 

“Eu era possível”


1999. 
2019.
Às vezes, a gente pensa que as coisas vão evoluir e nem tem como disfarçar quando ainda esbarra em pessoas investindo tempo e recursos alheios em colocar cercas na liberdade alheia.
Mas às vezes a realidade supera qualquer ficção – a Bienal do Rio 2019 que o diga!
 
Feitos de Sol: Um amor capaz de incendiar o mundo – Vinícius Grossos – Faro Editorial
(2019)
Personagens: Cícero Gutemberg e Vicente Rossi
 
1999. Faltam poucos meses para o mundo acabar, seja pelo bug do milênio ou pelo arrebatamento. É em meio a esta expectativa – e ainda à espera pelo último número de Under Hero – que os caminhos de Cícero e Vicente se encontraram. Aos 15 anos, vinham de realidades completamente diferentes e tinham muito a entender, muito a assimilar, muito a viver. E talvez as pessoas não estivessem prontas – e nem eles mesmos – mas o mundo brilhava muito mais quando estavam juntos.
 
Comentários:

“Por uns breves segundos, nos misturamos a todos ao nosso redor. Naqueles instantes mágicos, deixamos de ser dois garotos preocupados com o fim do mundo e vibramos no ritmo de um Universo em que nada, absolutamente nada, era impossível” 

 
– Vocês têm noção do que é se questionar o tempo todo? Questionar os sentimentos? A própria existência? O valor enquanto ser humano? Há alguns motivos, geralmente não muito bons, que forçam algumas pessoas a viverem em uma espécie de tortura a cada respiração.
 
– Estas foram algumas das perguntas que me fiz ao ler a jornada de Cícero e Vicente. Aos 15 anos, que é o período da maior parte da trama, os dois enfrentam os questionamentos da idade, tudo aquilo que vem no balaio da transição entre a criança e o jovem.
 
– Ao se encontrarem ao buscarem o último número do quadrinho de que tanto gostavam, percebem que havia muito em comum mesmo sendo completos desconhecidos, com histórias de vidas bem diferentes. A gente segue a história pelo ponto de vista do Cícero: com todos os exageros, rompantes, erros e acertos, estaremos ao lado enquanto ele desvenda os mistérios e as próprias inseguranças diante do primeiro amor.

– Todos somos complicados e, muitas vezes, difíceis de entender. Porém, há pessoas que valem a pena, que valem o risco, mesmo quando a gente tem medo e não se sente preparado… Só que outras, não. Essas só entram nas nossas vidas para bagunçar tudo de uma maneira ruim. 

 
– Uma coisa é ter dúvidas e inseguranças. Isso é natural. Somos imperfeitos e vivemos em um mundo que idealiza uma perfeição impossível de ser alcançada. Esse padrão que várias gerações naturalizaram de comportamento, de beleza, de estilo de vida pode causar sofrimento em quem não vai conseguir se adequar nele: seja pela raça, seja pelo biótipo, pelo comportamento e pela orientação sexual. O problema é quando querem conformar, julgar e sufocar quem não atende ao tal padrão.
 
– Também teremos esse detalhe na trama. Afinal de contas, é algo que acontece todo santo dia em vários lugares do mundo: as pessoas são proibidas de serem quem são. Elas sofrem por não serem possíveis. A minha experiência no assunto foi por acompanhar histórias de quem passou por isso, como jornalista e como amiga. E esta minha vivência de “espectadora” me fez prometer a mim mesma sempre contribuir para nunca ser assim com as pessoas – em especial, as que amo. Porque o amor não dá o direito a ninguém de fazer isso. 

–  […] Procure sempre uma coisa que te faça se sentir invencível, poderoso, e a proteja a todo custo. Aí quando você ficar triste ou achar que o mundo te derrotou, faça como eu. Coloque o seu Queen pra tocar e saia para dominar o mundo. Nunca se esqueça disso” 


– O livro se equilibra entre romance, drama, pitadas de comédia, toneladas de referências. Mostra diferentes tipos de famílias, que afeto e amor não dependem de DNA, que os preconceitos se aproveitam de qualquer coisa que possam usar para “justificá-lo”, 
que a sombra do fim do mundo que pairava em 1999 poderia ser uma boa desculpa para ter coragem de realizar sonhos – mesmo que da forma impulsiva,
atrapalhada e, de certa forma, inconsequente que adolescentes que se sentem inspirados e/ou coagidos são capazes.
 
– Por isso, é importante conhecer livros como “Feitos de Sol” e tentar pensar como algumas pessoas se arvoram do alto de um pedestal de uma suposta autoridade a tentarem cancelar o direito de outras pessoas existirem. Uma coisa é guiar pelo caminho honesto. Outra é tentar impor uma honestidade segmentária. Ninguém tem o direito de impedir o outro de brilhar. Ah, outra coisa que me ensinaram recentemente:
tudo passa. De bom e de ruim. A gente aprende e segue em frente.
 
Afinal de contas, todos nós nascemos – ou se preferirem fomos criados – para sermos possíveis.
Então, nos tornemos.
Sejamos.
 
 
Arrivederci!!!
 
Beta

Ps.: E segue da saga a blogueira atrás de uma Roberta legal na Literatura nacional. Até tu, Vinícius!?

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