Ciao!
Disponível na Amazon
“Vem dançar comigo”, “Piccolino”, “Cantando na chuva”, “Sinfonia em Paris”, “Vem dançar”, “Dança comigo?”, “Ela dança, eu danço”. Mentalmente eu já fiz várias vezes todas as coreografias destes filmes – porque na vida real não sou coordenada o suficiente para encarar uma aula de dança. Ainda mais dança de salão, que é o meu sonho de consumo.
Ou seja, uma vida apaixonada pelos musicais me levou para o novo livro de Nicola Yoon. Culpa do título.
Ah, outra ressalva: que legal ver uma história com protagonismo negro. Já marca a primeira diferença diante da maioria dos filmes que citei acima, que tem o elenco no padrão europeu de beleza. A dança é para todos, assim como a vida.
Instruções para dançar – Nicola Yoon – Arqueiro
(Instructions for dancing – 2021)
Personagem: Yvette “Evie” Thomas
Evie não tinha motivos para acreditar no amor. Aliás, ela não tinha mais motivos para acreditar em nada. Por isso, estava se desfazendo dos romances que lia e foi convencida a levar um emprestado – Instruções para Dançar. Foi quando a vida dela mudou, ela passou ter visões de toda a história de amor ao ver casais se beijando… inclusive o desfecho. Na busca por entender o que estava acontecendo – e como se livrar disso –, as investigações dela a levam às aulas de dança de salão no La Brea. E a um parceiro de dança em quem ela não confia. Não podia ficar mais complicado, né?
“Coração partido = amor + tempo”
Evie estava desiludida após o divórcio dos pais. Não apenas pela idealização de um casamento perfeito, mas pela forma como descobriu o fim. Era um trauma que a adolescente estava tentando lidar – e o caminho que encontrou foi renegar o amor.
Se um relacionamento que era tão lindo como o dos pais dela não resistiu, qual resistiria? E após pegar o livro Instruções para dançar ao ser convencida a fazer uma troca na biblioteca, que a vida dela mudou. Ela passou a ter a habilidade de ter visões de toda a história de um casal na primeira vez que visse um beijo deles.
O problema é que a maior parte dos flagrantes a deixam desconfortável por acompanhar histórias alheias sem autorização e saber o desfecho – e não havia final feliz. Isso só confirmava os sentimentos dela de que o amor não compensava, não valia a pena porque sempre acabava em sofrimento.
“- Eu sou bem boa em entender o sofrimento. É o meu superpoder”
E disso ela entendia plenamente. O impacto disso na cabeça e nos sentimentos confusos de Evie é imediato. Ela ainda está tentando entender como fica na nova realidade, com os pais separados e o pai formando uma nova família, da qual ela tem certeza de que não fará parte.
Até mesmo quando conheceu X no estúdio de dança. Teve uma primeira péssima impressão dele. E como sempre, a vida apronta das suas: ele foi escolhido para ser o parceiro dela. O casal será preparado para representar o estúdio em um concurso.
Durante os ensaios, onde a Fifi arranca o couro de ambos, sempre pedindo mais, porque acredita que Evie e X. podem chegar ainda mais longe se construírem uma relação marcada pelo respeito e confiança, ela vai entendendo que a gente precisa se deixar levar pelo ritmo que a vida toca, mesmo que aconteçam alguns tropeços aqui e ali.
“A felicidade é uma coisa engraçada. Às vezes, é preciso lutar por ela. Mas outras vezes – as melhores -, ela chega por trás, segura a sua cintura e puxa você para perto.
É o caminho de amadurecimento de Evie. Ela vivia em uma bolha onde tudo estava correto. A separação dos pais bagunçou tudo que ela dava como certo e a jogou no outro extremo: o de só enxergar os aspectos ruins e sofridos de tudo. E a dor dela afetou os relacionamentos com a mãe, com a irmã, com o pai, com os amigos, com a relação com o que está sentindo.
A vida nem sempre está nos extremos. A dificuldade é encontrar o caminho intermediário onde você aproveita os bons momentos e persiste durante a fase ruim, porque tudo passa. Afinal de contas, nem sempre o final feliz é possível – não temos o controle total em todos os instantes e instâncias da nossa existência.
A gente tem que saber escolher como aproveitar o momento, para fazer valer a pena e seguir sem arrependimentos. É um livro agridoce, mas cabe a você decidir qual sabor perdura – uma dica: tempere com a esperança. Costuma sempre melhorar tudo.
– Links: site da autora; skoob; mais dela no Literatura de Mulherzinha.
Arrivederci!!!
Beta