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Tipos incomuns – Tom Hanks – Cap. 1419

Ciao!
Tom
Hanks é um dos meus atores favoritos.

Ele esteve em filmes que me fizeram rir (Um dia a casa cai e The Wonders), me fizeram chorar (Forrest Gump e a série Toy Story), mudaram a minha vida (desisti de ser advogada depois de ver Filadélfia) e me fizeram gritar “Ah tá” com as peripécias do professor Robert Langdon (embora eu continue achando que os filmes ainda ficam devendo para o personagem literário).

Aí ele lança um livro que reúne várias histórias – que chegou às livrarias no Brasil no dia do meu aniversário!
Qual a chance de eu ficar sem ler? Zero.
Tipos incomuns: algumas histórias – Tom Hanks – Arqueiro
(Uncommon Type: Some Stories – 2017 – Clavius Base, Inc.)
Ao longo de 17 histórias curtas, acompanhamos momentos da vida de pessoas em diferentes tempos. Cada uma não se relaciona com as demais e, em comum, apenas a citação de um determinado modelo de máquina de escrever (não sou especialista, mas pelo que entendi, eles não se repetem). O motivo? Tom Hanks coleciona máquinas de escrever.
 
*** E por tabela, descobri mais uma coisa em comum com ele: como sou da turma vintage que sabe como foi viver em um mundo antes da internet, redes sociais e cliques e likes; por muito tempo o sonho da minha vida era ter uma máquina de escrever. A minha prima tinha uma – e volta e meia, mexia sem autorização para datilografar, ainda catando milho, textos que saíam diretamente da minha cabeça turbulenta Escorpião feat Gêmeos. Resultado: ganhei a minha Olivetti portátil. Me desfiz de muita coisa na minha vida, menos dela. Já está na estante bonitinha e protegida. Eu não esqueço as coisas que me trouxeram alegria só porque não estão mais na moda ***

Mas ela ponderou o enigma maior, aquele que enfrentam todos os que compram uma máquina de escrever no terceiro milênio: qual é o propósito dela? Preencher envelopes. Sua mãe gostaria de receber cartas datilografadas de sua filha errante. Ela poderia enviar mensagens venenosas para o ex – como “Ei, Idiota, você errou feio!” – sem medo de que o e-mail ficasse registrado. Ela poderia escrever algumas observações, tirar uma foto delas com o celular, depois publicar em seu blog e na sua página do Facebook. Ela poderia fazer listas de tarefas para a porta da geladeira. Já eram cinco razões hipster-retrô para ela ter uma velha máquina de escrever nova. Acrescente algumas reflexões profundas e emotivas e ela tinha seis usos válidos”. 

Gostei do livro ser em terceira pessoa – narrador onisciente e, algumas vezes, “pitaqueiro”sobre as vidas que está narrando -, permite que a gente tenha uma visão mais ampla do que está se passando com eles e ao redor deles. Isso, com um narrador-protagonista fica muito limitado.
Gostei também de perceber que alguns temas que são caros ao autor aparecem no livro. Há histórias engraçadas, de amor, de redenção, de gratidão, de vida como a vida.
Ele narra pelo olhar de um casal de amigos que não consegue definir os limites dos sentimentos entre eles; um ex-soldado grato por celebrar o Natal com a família (para quem não sabe, Hanks é muito interessado nos fatos relacionados à 2ª Guerra Mundial, tanto que protagonizou filmes e produziu séries sobre o assunto), a rotina de atores e atrizes em busca da fama (tem uma história inteira escrita em formato de roteiro, ajuda a quebrar o ritmo e mostra para quem é leigo como as histórias que vemos prontas são estruturadas); o fim de semana de um menino cujos pais são separados; uma mulher divorciada que está recomeçando; um homem que deixou de ver a diversão em um hobby ao se tornar praticamente imbatível nele; um grupo de amigos que viaja ao espaço (Oi, experiência filmando Apollo 11! – Houston, we have a problem); a vida em Nova York sob a ótica de um imigrante búlgaro que sofre para se adaptar; um homem que se mostra disposto a tudo para ter mais um momento com a mulher pela qual se apaixonou à primeira vista.
As tramas ocorrem em diferentes épocas e cidades dos Estados Unidos. Algumas referências serão mais facilmente compreendidas por eles, obviamente. O ritmo do narrador muda conforme a história. Pode causar estranhamentos porque há tramas mais lentas e outras mais ágeis, mas isso não diminui a experiência. 

– Uma máquina de escrever é uma ferramenta. Nas mãos certas, pode mudar o mundo. 

Então, sejam como coadjuvantes ou como protagonistas, as máquinas acompanham as histórias dos protagonistas. Antes de cada uma, é apresentado o modelo que será citado. Em algumas são referências. Em outras, participam diretamente dos rumos decididos pelos personagens. Basicamente, o que ele quer nos contar: momentos afetivos, de redescoberta de seus ideais ou são o meio que pode levar à mudança de vida. Ou seja, um olhar sensível, às vezes, irônico e afiado, em outras, compassivo, amoroso e sonhador. Como não gostar?
– Embora, devo confessar que ele me ganhou de vez na dedicatória para a diretora Nora Ephron, uma incrível contadora de histórias românticas, com quem ele trabalhou em Sintonia de Amor e Mensagem para Você (recomendo ambos, inclusive fiquem atentos às trilhas sonoras, que estão entre as minhas favoritas). Ah, quero enganar quem? É um livro do Tom Hanks, o cara que me faz chorar até hoje na cena da ópera em Filadélfia. Essa partida já começou com vitória garantida pro autor – e de goleada.
Arrivederci!!!
Beta
ps.: “CAFÉ, AMIGO? Viciado nessa coisa! Café, isso aí. Eu sou jornalista, veja bem, e a redação que não funciona à base de café publica um jornal ruim, eu aposto. – Sim, Mr. Hanks, eu (que só tomo café no trabalho) tenho que concordar com o senhor. 

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