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A pequena ilha da Escócia – Jenny Colgan – Cap. 1855

Ciao!

Disponível na Amazon

– Às vezes acho que não existe lugar para mim.

Tem livro que você começa já sabendo que não é o que parece. E ele consegue te surpreender ainda mais.

Este foi o resumo da minha experiência com este livro da Jenny Colgan.

A pequena ilha da Escócia – Jenny Colgan – Arqueiro (Romances de Hoje)

(The Summer Seaside Kitchen – 2017)
Personagens: Flora MacKenzie e os moradores de Mure

Flora tinha construído uma vida em Londres, não era a que ela sonhava, mas estava conformada. Era assistente jurídica em uma grande empresa, tinha um apartamento pequeno, uma rotina e uma paixonite pelo chefe. Até que um novo cliente precisava da única coisa de que ela não gostava de se lembrar: o fato de ter nascido em Mure, uma ilha escocesa no extremo norte do mundo. Agora, para viabilizar o plano do cliente bilionário, Flora precisava voltar para casa e enfrentar tudo que se deixou para trás.

A moça da cidade volta pra casa – contra a vontade.

O livro começa nos mostrando a vida – cinza – de Flora em Londres. Mais a frente a gente vai entender por que temos a sensação do cinza. A rotina de viver em um apartamento que está longe do sonho lindo, mas é o possível pagar. O apagamento autoimposto como condição para se sentir segura no emprego, as horas no transporte coletivo…

Ah, a paixonite descarada pelo chefe, Joel. E apenas ela não acreditava que ele era sem coração, mas sabia que não tinha a menor chance de competir com as modelos perfeitas com quem ele se relacionava.

O cabelo dela está com uma cor estranha, muito, muito pálida. Não está louro nem exatamente ruivo, talvez um louro-avermelhado, porém desbotado. Está quase sem cor nenhuma. E ela é um pouquinho alta demais, a pele é branquíssima, os olhos têm uma coloração aguada e, às vezes, é difícil dizer de que cor eles são.

Até que surge no escritório o bilionário norte-americano Colton Rogers, enfrentando um problema terrível: a instalação de um parque eólico estragaria a visão dos convidados na nova propriedade dele. Agora precisa que convençam os moradores a trocarem o parque eólico de local. O problema é que isso era em Mure, uma ilha escocesa no extremo norte do mundo. A terra natal de Flora. O local de onde ela foi embora e não fazia questão de voltar.

Agora, por ser uma “local”, era a esperança de Colton e do futuro dela na empresa, de entender a mentalidade dos moradores e ajudar a resolver o impasse a favor do ricaço norte-americano.

Fantasmas

Ao voltar para casa, Flora se sentia deslocada. O lugar natal não parecia acolhedor. Na verdade, estava tudo fora de lugar. Ela sentia os olhares condenatórios por ter ido embora, deixado o pai e os irmãos se virando na fazenda, por se achar boa demais só por trabalhar e viver fora dali.

Aos poucos, os vínculos são retomados. Ela reencontra Lorna, a melhor amiga, atualmente professora, que não tem meias-palavras. Conhece Charlie, que não era natural de Mure, mas guiava excursões no local. Reencontra Bramble, um dos cachorros da família.

E claro, a família: rever o pai e os irmãos não foi fácil. Até porque ela não partiu em termos muito amigáveis e há muitas coisas pendentes. Só que é difícil falar, porque ninguém sabe o que vai desencadear e como será depois.

Ah, tudo isso e ainda aguardando as ordens da empresa sobre os desejos do bilionário, que, obviamente, é visto com antipatia por todos os moradores locais. Moleza? Nenhuma.

“Flora tinha ido até lá para agradar a empresa. Tinha deixado Mure para agradar a mãe. Tinha ficado longe porque… porque não sabia mais o que fazer. Às vezes, sentia-se como um barco, à deriva na maré, sem saber para onde ia nem por quê, desconfiando que, um dia, olharia para trás e não se lembraria de tomar as decisões que havia tomado”.

Muito além de amor

capa original

Quando você passa o olho no resumo, por alto, pensa que se trata de uma história de uma jovem patinho feio que vai vencer por causa do grande amor que sente pelo chefe. Então, senta lá, porque os livros da Jenny Colgan não tem o amor como o objetivo final das protagonistas.

Ele faz parte da jornada, mas o objetivo é que ela embarque em uma jornada de autodescobrimento, perceba que não há nada perdido e que talvez, ela só precise entender quem é e onde está no mundo.

Não é um processo fácil, porque implica em mexer em temas e sentimentos que doem, que machucam e que, geralmente, foram deixados de lado – e por isso continuam pesando e assombrando.

É o caso de Flora. E eu fiz questão de deixar de fora muita coisa importante porque você precisa ler para entender não só ela, como Joel, como os moradores de Mure, como Colton. Todos são mais do que aparentam, e isso torna a experiência ainda mais interessante para que lê.

De tanto buscar a paz em coisas do lado de fora e não encontrar, as protagonistas da Jenny Colgan descobrem que esta libertação passa por uma mudança interna. Por isso que eu amei todos os livros dela que li até agora. E por isso que quero sempre ler mais.

“No topo, a avó anotara, em letrinhas fluidas, uma frase em gaélico que Flora não conseguiu decifrar de imediato. Precisou buscar o velho dicionário na sala de estar antes de conseguir entender: ‘Demorará um bocado… até ficar tão gostoso quanto aquele que eu faço’”.

Mure

– Links: site da autora; Skoob; mais dela no Literatura de Mulherzinha.

Arrivederci!!!

Beta

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