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Perdidos de amor – Jo Goodman (Clube da Bússola 4) – Cap. 1845

Ciao!

Disponível na Amazon

“North. South. East. West.
Amigos para a vida toda, somos confessos.
Todas as outras verdades, negaremos.
Pois somos soldado, marinheiro, reparador e espião”

Como disse, esta é a tradução de que mais gosto do lema do grupo. Aparece em Um doce marquês, porque, na minha opinião, é o que melhor define os protagonistas.

Um dos projetos do Abril Imperdível 2022 foi fazer resenhas dignas para todos os livros da série Clube da Bússola, que já tinham aparecido nos primórdios do Literatura de Mulherzinha.

A série que foi lançada no Brasil no formato de banca pela Nova Cultural, daquele jeito que todos que colecionavam sabe: livros lançados fora da ordem cronológica, sem identificação de série – aquele selo ali no alto à direita da capa só aparece neste livro.

Isso mesmo que você leu: só aparece neste livro.

E também não teve uma tradução linear – Confraria das Rosa dos Ventos foi usada em um livro como tradução para Compass Club – nome original da série. Os pontos cardeais que são os apelidos dos protagonistas foram traduzidos em um deles.

Enfim, antes de existir o meme, a gente já vivia o “você que lute” pra achar os outros. Eu lutei, consegui os quatro e agora todos eles têm os textos que merecem aqui.

Perdidos de amor – Jo Goodman – Clássicos Históricos Especial 252 (Clube da Bússola 4)
(Beyond a wicked kiss – 2004 – Kensington)
Personagens: Maria Ashby e Evan Marchman, duque de Westphal

West foi surpreendido ao ser legitimado como herdeiro e novo duque de Westphal pelo pai que deixou para assumi-lo no testamento. Agora, além das missões para o Coronel Blackwood, também precisava lidar com as obrigações do título. Entre elas, ser responsável pela tutelada do velho duque, Maria Ashby, que era a diretora da Academia para Moças da Srta. Tecelã. Ela tinha um problema para resolver: o desaparecimento de uma das alunas. A forma como encontrou para resolver o mistério foi pedir a ajuda do novo duque, porque ela tinha certeza de que seria capaz de esclarecer realmente o que aconteceu.

O duque morreu.

Uma vida inteira como filho nascido “do lado errado da cama”, ilegítimo, moldou muito do caráter de West. Além de saber a verdade sobre a origem, que a maioria das pessoas desconhecia, ele foi próximo da mãe e nunca nutriu sentimentos pelo pai. Tinha motivos de sobra para isso: o prólogo já entrega uma das razões.

Ao ser oficializado como herdeiro no leito de morte do pai, West se viu diante de algo que não esperava. Afinal o título era dado como certo para o filho do casamento nobre do homem que era tido pela Inglaterra como um grande político.

Enquanto lidava com as consequências de agora estar oficialmente na nobreza, West foi surpreendido com a visita de Maria Ashby.

“A senhorita Ashby ouve conversas atrás das portas. É o tipo de mulher que causa problemas”.

A jovem de 24 anos era tutelada do pai, que ele também herdou e com quem ele teve um passado dramático. Foi na casa do falecido duque de Westphal que Maria descobriu que ele tinha um filho ilegítimo. E anos depois que ele era uma pessoa com boas relações no governo.

Beyond a wicked kiss – capa original

Agora, ela precisava de ajuda: era diretora de uma escola para jovens no interior e uma das alunas havia desaparecido. Diante do que sabia, teve certeza de que o novo duque era a pessoa perfeita, que daria atenção à necessidade de descobrir o paradeiro de Jane Petty. E não hesitou em abordá-lo de uma forma absolutamente nada convencional.

A partir daí temos o início da relação dos dois, marcada por encontros pouco convencionais, provocações, muitas coisas ditas e não ditas nas entrelinhas. A atração e a curiosidade levam ambos a darem outros passos enquanto se preocupam cada qual com sua “missão”.

“– Não sei dizer se é muito corajosa ou muito tola.
Ria piscou, tentando manter o equilíbrio pois se sentia flutuando no ar.
– Dependo de Vossa Graça para manter o bom senso e a cabeça fria. Mas como sua pupila, obedeço a ordens.
Havia naquelas palavras uma lição a aprender e Evan percebeu muito bem.
–  Peço perdão. Obriguei-a a me beijar”.

O relacionamento entre eles é bem gostoso de ler, pela forma como a autora desenvolveu a relação, indo além de um possível herói para a heroína ou a atração entre tutor e tutelada. Eles começam a confiar um no outro, o que leva ao respeito e à parceria. É justamente isso que os protege mesmo quando a ligação entre eles é colocada à prova de uma forma vil.

É hipocrisia que fala, né?

Aliás, este é o único livro com prólogo que não se passa em Hambrick Hall e com alguma cena da rivalidade entre os integrantes do Clube da Bússola e os inimigos da Sociedade dos Bispos. No entanto, não se deixe enganar – este embate faz parte da história de uma forma ainda mais profunda que os livros anteriores.

West descobre evidências de que o desaparecimento de Jane Petty ia muito além da mera fuga de uma adolescente apaixonada. A trama é bem intrincada, com muitas intrigas e pessoas totalmente podres por trás da imagem impecável e do poder de serem ricos e integrantes da nobreza.

O desfecho deste livro é o mais tenso da série, pela forma como Jo Goodman colocou os protagonistas em risco e totalmente vulneráveis e expostos aos vilões. No texto original que escrevi sobre a série, coloquei o seguinte comentário:

Os vilões deste livro são absolutamente execráveis. Cadeia era pouco pra eles…

Agora na releitura, me dei conta de um agravante que eu não tinha me dado conta: os vilões deste livro são muito reais. Quem me dera que fossem apenas fictícios. Uma pesquisa rápida indica várias notícias na imprensa sobre o tema abordado aqui. O que só serviu para aumentar a minha repulsa por eles.

Hora de dar tchau

Por ter sido lançado em romance de banca, há quem torça o nariz, mas não tem ideia do que está perdendo. A autora entrega quatro tramas simultâneas, com protagonistas unidos pelo laço da verdadeira amizade. Brinca citando cenas vistas em livros anteriores – mudando o foco para o atual protagonista.

As investigações que cada integrante do Clube da Bússola estava conduzindo não impedem que eles se ajudem quando necessário. O fato de serem protagonistas não os torna imbecis e menos românticos quando se apaixonam. E Jo Goodman construiu heroínas fortes, que passaram ou passam por sofrimentos e não esmorecem. Os casais são incríveis juntos – e isso vai muito além da compatibilidade sexual.

Eu gostei tanto que fiz questão de ler de novo. E não duvido que farei isso novamente, sem compromisso com o Literatura de Mulherzinha, apenas pelo prazer de ler algo tão bem elaborado e escrito. Enfim, se não leu, fica a dica.

Clube da Bússola

– Links: Goodreads livro e série; site da autora; Skoob; mais dela no Literatura de Mulherzinha.

Arrivederci!!!

Beta

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