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Cap. 838 – Juntos para sempre – Carol Marinelli

Ciao!!!

Gente,
não entendi. Não entendi mesmo. Sabe quando a história não te convence e – pior
ainda – por se passar no Brasil, a gente estranha um monte de coisas
mencionadas no livro? Aham, este foi o meu caso com este livro! Ah, ps.: tem um monte de spoiler – tentei me conter, mas infelizmente não foi possível.
Juntos para sempre – Carol
Marinelli – Paixão 349
(Playing
the dutiful wife – 2013 – Mills & Boon Modern Romance)
Personagens:
Meg Hamilton e Niklas Dos Santos
Meg
e Niklas se conheceram em um voo da Australia para Los Angeles, rolou uma breve
antipatia (ele achava que ela falava demais), mas terminaram conversando, ela
contando a vida e surgindo uma grande atração. Com a necessidade de pousar em
Las Vegas, eles decidem se casar para dormirem juntos. No dia seguinte, Niklas
a abandona e vai embora. Um ano depois, três advogados a procuram dizendo que
ela recebeu um bom dinheiro para cumprir o dever de esposa e visitar o marido
na cadeia com um recado importante: o defensor dele o estava traindo. E, mesmo
sem saber, ela vai ajudar a desenrolar a confusão da vida do marido.
Comentários:

O meu problema com este livro é que, em nenhum momento, consegui acreditar na
trama principal dele. A esposa que precisava cumprir o dever de visitar o
marido na cadeia. A autora começa apresentando o encontro no avião entre o
homem de passado misterioso, órfão, financista zilionário que se sente atraído
pela advogada pura e virgem que era controlada pelos pais. Na única vez que não
estavam por perto, ela se encantou por um homem sexy, mandão, arrogante, que
estava irritado por não viajar onde queria… e se casou com ele (pausa para o
motivo do casório: ele queria dormir com ela sem camisinha!!!), teve uma noite
maravilhosa com ele e foi abandonada com a promessa de um divórcio na manhã
seguinte. Um ano depois ela foi coagida a fazer a visita íntima ao marido, que
ela não sabia que estava preso, para levar um recado e por confiar na promessa
dele.

Vamos por parte, não sou especialista em Direito, mas, gente, a
cadeia que a autora descreve fica onde no Brasil? Dois presos por cela? Onde? E
vamos por parte, onde que um financista envolvido em fraude vai preso no
Brasil? Pelo menos de forma tão imediata? E eles ainda colocam o financista
brasileiro de nome grego batizado por uma freira espanhola na MESMA CELA que o CHEFÃO DO CRIME (creio que porque era um ricaço que veio da pobreza… ou para intimidar o ricaço) – a cela onde só ficam dois presos!!!! Desconfio que autora viu Prision
Break
demais e achou que aqui era igual.
– Aí
os outros advogados da empresa que defende Niklas vão até Austrália coagir a
esposa que nada sabia a fazer a visita íntima porque era a única forma de
avisar Niklas que o advogado que o defendia estava traindo. Sério? Aí veio uma
irritação – não gostei do tom que eles usaram com Meg, como se ela tivesse
alguma obrigação com o Niklas. O cara dá no pé após a noite de núpcias
prometendo o divórcio e os advogados são grosseiros por causa de uma “suposta
obrigação de esposa” – VÃO PRO INFERNO MAIS PROFUNDO DE DANTE!!! E a gota
d’água é quando sugerem que ela será bem paga para isso. Ou seja, a sensação
que eu tive foi que eles a chamaram com palavras enfeitadas de “prostituta de
aliança”. Nojo.

Mas estamos falando de livros água com açúcar e é claro que Meg vai cumprir o
dever, afinal de contas heroínas abnegadas estão aí para este tipo de missão. O
“marido” fica estarrecido, com a presença dela e com o recado que ela cumpre a
função de entregar. Ele tenta fazer a coisa honrada, mas ela está ali por mais
que o dinheiro, por amor, desejo e confiar que o marido – que mal conhece – é
inocente. Promete ir para o Havaí na manhã seguinte, mas se deslumbrou com São
Paulo (e pela pamonha. Ela amou pamonha salgada. Não ria. Sério. Sim, é sério) e optou por
ficar. Já que pouco importava onde estivesse, estaria sofrendo por amor ao
marido que não perdeu uma única oportunidade em dizer que não a queria (em
defesa dele, adivinhem o motivo da atitude? Sim, era pelo bem dela. Né, por
nada, não, mas “nobreza à base da grosseria” é algo tão sem noção que acho pouco
provável que alguém na vida real ache isso bonito…). Aí, enquanto é provocado
pelo guarda de nome grego (ok, tem gente de todo canto em São Paulo, mas não
consegui imaginar um guarda/ agente penitenciário Andros, enfim…), Niklas soma 2 + 2 e descobre
quem poderia estar por trás do plano de incriminá-lo por uma fraude que ele não
cometeu. Nem vou contar como ele descobre e quem é. É tão “Ahn? Oi? Oi? Oi?”
que se eu contar, vocês vão achar que eu estou inventando. E não estou.

Aí temos um desfecho policial digno de programa de jornalismo
policial-sanguinolento (teve momento que achei que apareceria apresentador aos
gritos reclamando da violência em SP), Meg fica em estado de choque e
finalmente enxerga a verdade: que não deve continuar casada, porque Niklas não
a quer… E diz isso em depoimento na delegacia, aí a advogada que fazia parte
daquele trio que quase a chamou de “vadia casada” a convence a ficar, pelo bem
da imagem de Niklas no julgamento. Ela fica, claro. Aí ele a leva pra uma casa
nas montanhas, que comprou pra ela antes do dinheiro dele ser bloqueado (como?
Visto que ele voltou de Las Vegas e foi preso), onde eles têm outra surpresa
que obriga o marido turrão que ainda
insistia no divórcio, apesar de tudo que fez (direta e indiretamente) Meg
passar, a reconsiderar a ideia. A essa altura, eu já estava “tá acabando,
graças a Deus!” E ainda temos páginas para mais um draminha no caminho da
felicidade do casal bla bla bla bla e fim!
  

Antes que você pense que estou sendo exigente, quero deixar registrado que
omiti um monte de detalhes que elevam o índice de surreabilidade deste livro
quase a “filme do Michael Bay/ Jerry Bruckheimer” (campeão dos comentários “Ah,
tá!” nas sessões acidentais em casa – sim, acidentais. Desde que identifiquei os filmes desta dupla, nunca mais vi um por vontade própria). Como disse, no caso da descoberta do
vilão, tem coisa que só lendo para vocês acreditarem. E detalhe: eu li
precavida. A Andrea fez o test-drive, entrou em estado de choque e me mandou um
e-mail enorme, irado e hilário detalhando todo o nonsense da história (a parte
relativa ao sacrifício da heroína que tem medo de voar em vir em um voo que pousava no aeroporto de Congonhas eu não entenderia se não fosse a Andrea). Muita lenga-lenga, comportamento grosseiro “para seu bem, querida” repetido à exaustão, a forma como Niklas se entende com o chefão do crime na cela (e o pior, como ele usa deste entendimento na reta final é outro: “HEIN?!”). Se
quiser ler, assuma o risco. Lá fora, as leitoras elogiaram no Goodreads. Mas
elas não são brasileiras, então tudo bem. Mas a gente é daqui, a gente sabe que tem
coisa ali meio impossível de acontecer na vida real. Já vi livro muito melhor da Carol Marinelli e com herói brasileiro, por enquanto, nada supera Amor sem preço, da Sandra Marton.
Bacci!!!

Beta


PS.: Tem uma história de presente, Vivendo o amor, da Robyn Grady. Basicamente, namorada quer avançar pra casinha do casamento rapidamente e namorado quer continuar como amante. O pai do ricaço obrigou o moço a assinar um contrato ridículo que o impede de casar nos próximos 3 anos para que ele só se dedique à empresa. Moça dá ultimato. Bebê a bordo. Imagina o final… (pois é, a paciência esgotou na parte anterior do livro que nem desfrutei o presente…)

4 Comentários

  1. Fabiana Correa

    Beta querida! Ri horrores com todo esse dramalhão grego, ops, pseudo-brasileiro! Se eu ver este livro não pegarei! Odeio esse tipo de extorsão e mocinho para acompanhar.
    Mas, amei a forma como você escreve!
    Bju!
    P.S: Odeio pamonha salgada, prefiro doce com queijo, hummmm.

  2. Sil de Polaris

    Hein ?! Onde ? Por que ? Quem ? Um trio de advogados surgindo pela porta adentro sem convite para exigir "uma obrigação de esposa" de uma forma muito ofensiva por uma razão imbecil como ponto de partida de um romance sem noção em tudo ???!!!

  3. Andrea Jaguaribe

    Sem noção é apelido… Li boquiaberta. Não sabia se de horror ou de pasmo… Totalmente nonsense, inacreditável! Meu espanto foi tanto que fiz um email gigante prá Beta e prá Tonks, com spoliers a não poder mais, porque precisava desabafar com alguém, tamanho o impacto que a obra prima causou.

    Eu, hein…

  4. Daniela

    Primeira vez comentando. Pra deixar claro não li o livro para saber de detalhes, mas pelos spoilers, farei alguns comentários.
    O crime foi de colarinho Branco, portanto crime federal, muito provavelmente ele deve ter ensino superior e quanto mais curso, pos, mestrados e todas essas parafernália, é indefinidamente fácil conseguir uma cela co. 2 presos e as vezes até sozinho. O chefão para estar na mesma cadeia que um crime de colarinho Branco ele teria que ser chefão, mas chefão mesmo estilo Fernandinho Beira Mar, que inclusive está em uma cadeia Federal com todas regalias, mas visita íntima não é uma delas. Agora, detesto ler livros sobre Brasil em que não fazem uma pesquisa apropriada. Ah, pamonha! Deu até vontade.

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