Ciao!
Disponível na Amazon
“North. South. East. West.
Amigos para a vida toda, somos confessos.
Todas as outras verdades, negaremos.
Pois somos soldado, marinheiro, reparador e espião”
Como disse, esta é a tradução de que mais gosto do lema do grupo. Aparece em Um doce marquês, porque, na minha opinião, é o que melhor define os protagonistas.
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Um dos projetos do Abril Imperdível 2022 foi fazer resenhas dignas para todos os livros da série Clube da Bússola, que já tinham aparecido nos primórdios do Literatura de Mulherzinha.
A série que foi lançada no Brasil no formato de banca pela Nova Cultural, daquele jeito que todos que colecionavam sabe: livros lançados fora da ordem cronológica, sem identificação de série – aquele selo ali no alto à direita da capa só aparece neste livro.
Isso mesmo que você leu: só aparece neste livro.
E também não teve uma tradução linear – Confraria das Rosa dos Ventos foi usada em um livro como tradução para Compass Club – nome original da série. Os pontos cardeais que são os apelidos dos protagonistas foram traduzidos em um deles.
Enfim, antes de existir o meme, a gente já vivia o “você que lute” pra achar os outros. Eu lutei, consegui os quatro e agora todos eles têm os textos que merecem aqui.
Perdidos de amor – Jo Goodman – Clássicos Históricos Especial 252 (Clube da Bússola 4)
(Beyond a wicked kiss – 2004 – Kensington)
Personagens: Maria Ashby e Evan Marchman, duque de Westphal
West foi surpreendido ao ser legitimado como herdeiro e novo duque de Westphal pelo pai que deixou para assumi-lo no testamento. Agora, além das missões para o Coronel Blackwood, também precisava lidar com as obrigações do título. Entre elas, ser responsável pela tutelada do velho duque, Maria Ashby, que era a diretora da Academia para Moças da Srta. Tecelã. Ela tinha um problema para resolver: o desaparecimento de uma das alunas. A forma como encontrou para resolver o mistério foi pedir a ajuda do novo duque, porque ela tinha certeza de que seria capaz de esclarecer realmente o que aconteceu.
O duque morreu.
Uma vida inteira como filho nascido “do lado errado da cama”, ilegítimo, moldou muito do caráter de West. Além de saber a verdade sobre a origem, que a maioria das pessoas desconhecia, ele foi próximo da mãe e nunca nutriu sentimentos pelo pai. Tinha motivos de sobra para isso: o prólogo já entrega uma das razões.
Ao ser oficializado como herdeiro no leito de morte do pai, West se viu diante de algo que não esperava. Afinal o título era dado como certo para o filho do casamento nobre do homem que era tido pela Inglaterra como um grande político.
Enquanto lidava com as consequências de agora estar oficialmente na nobreza, West foi surpreendido com a visita de Maria Ashby.
“A senhorita Ashby ouve conversas atrás das portas. É o tipo de mulher que causa problemas”.
A jovem de 24 anos era tutelada do pai, que ele também herdou e com quem ele teve um passado dramático. Foi na casa do falecido duque de Westphal que Maria descobriu que ele tinha um filho ilegítimo. E anos depois que ele era uma pessoa com boas relações no governo.
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Agora, ela precisava de ajuda: era diretora de uma escola para jovens no interior e uma das alunas havia desaparecido. Diante do que sabia, teve certeza de que o novo duque era a pessoa perfeita, que daria atenção à necessidade de descobrir o paradeiro de Jane Petty. E não hesitou em abordá-lo de uma forma absolutamente nada convencional.
A partir daí temos o início da relação dos dois, marcada por encontros pouco convencionais, provocações, muitas coisas ditas e não ditas nas entrelinhas. A atração e a curiosidade levam ambos a darem outros passos enquanto se preocupam cada qual com sua “missão”.
“– Não sei dizer se é muito corajosa ou muito tola.
Ria piscou, tentando manter o equilíbrio pois se sentia flutuando no ar.
– Dependo de Vossa Graça para manter o bom senso e a cabeça fria. Mas como sua pupila, obedeço a ordens.
Havia naquelas palavras uma lição a aprender e Evan percebeu muito bem.
– Peço perdão. Obriguei-a a me beijar”.
O relacionamento entre eles é bem gostoso de ler, pela forma como a autora desenvolveu a relação, indo além de um possível herói para a heroína ou a atração entre tutor e tutelada. Eles começam a confiar um no outro, o que leva ao respeito e à parceria. É justamente isso que os protege mesmo quando a ligação entre eles é colocada à prova de uma forma vil.
É hipocrisia que fala, né?
Aliás, este é o único livro com prólogo que não se passa em Hambrick Hall e com alguma cena da rivalidade entre os integrantes do Clube da Bússola e os inimigos da Sociedade dos Bispos. No entanto, não se deixe enganar – este embate faz parte da história de uma forma ainda mais profunda que os livros anteriores.
West descobre evidências de que o desaparecimento de Jane Petty ia muito além da mera fuga de uma adolescente apaixonada. A trama é bem intrincada, com muitas intrigas e pessoas totalmente podres por trás da imagem impecável e do poder de serem ricos e integrantes da nobreza.
O desfecho deste livro é o mais tenso da série, pela forma como Jo Goodman colocou os protagonistas em risco e totalmente vulneráveis e expostos aos vilões. No texto original que escrevi sobre a série, coloquei o seguinte comentário:
Os vilões deste livro são absolutamente execráveis. Cadeia era pouco pra eles…
Agora na releitura, me dei conta de um agravante que eu não tinha me dado conta: os vilões deste livro são muito reais. Quem me dera que fossem apenas fictícios. Uma pesquisa rápida indica várias notícias na imprensa sobre o tema abordado aqui. O que só serviu para aumentar a minha repulsa por eles.
Hora de dar tchau
Por ter sido lançado em romance de banca, há quem torça o nariz, mas não tem ideia do que está perdendo. A autora entrega quatro tramas simultâneas, com protagonistas unidos pelo laço da verdadeira amizade. Brinca citando cenas vistas em livros anteriores – mudando o foco para o atual protagonista.
As investigações que cada integrante do Clube da Bússola estava conduzindo não impedem que eles se ajudem quando necessário. O fato de serem protagonistas não os torna imbecis e menos românticos quando se apaixonam. E Jo Goodman construiu heroínas fortes, que passaram ou passam por sofrimentos e não esmorecem. Os casais são incríveis juntos – e isso vai muito além da compatibilidade sexual.
Eu gostei tanto que fiz questão de ler de novo. E não duvido que farei isso novamente, sem compromisso com o Literatura de Mulherzinha, apenas pelo prazer de ler algo tão bem elaborado e escrito. Enfim, se não leu, fica a dica.
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Clube da Bússola
- Acredite em mim!
- Tudo que desejei
- Meu doce marquês
- Perdidos de amor
– Links: Goodreads livro e série; site da autora; Skoob; mais dela no Literatura de Mulherzinha.
Arrivederci!!!
Beta